Profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS) têm uma nova aliada para lidar com as fake news sobre saúde. Trata-se do guia “Desinformação sobre saúde: vamos enfrentar esse problema?”, elaborado por um consórcio de pesquisadores da Universidade Federal Fluminense (UFF), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e de três Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia: Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia (INCT-CPCT), Estudos Comparados em Administração de Conflitos (INCT-InEAC) e Disputas e Soberanias Informacionais (INCT-DSI) para preparar os trabalhadores para o diálogo com os usuários sobre temas controversos e com potencial de impactar o bem-estar da sociedade.
O material conceituou o fenômeno da desinformação sobre saúde, com ênfase para a desvalorização da ciência e das políticas sanitárias. O guia traz uma curadoria de cursos de educação midiática, indica espaços para checagem de informação de notícias sobre saúde e sugere uma lista de fontes confiáveis acerca da temática. Acesse a cartilha gratuitamente aqui – um dos produtos desenvolvidos para o edital do Programa de Pesquisa para o SUS (PPSUS), em parceria com a Faperj.
Thaiane Oliveira (UFF), coordenadora do projeto e pesquisadora do INCT-DSI, destaca que em suas pesquisas, os profissionais de saúde se mostraram carentes de orientações precisas sobre o combate à desinformação científica, ao mesmo tempo que reconheciam o seu papel como importantes agentes de combate à desinformação em suas práticas diárias no trabalho.
“A desinformação científica é uma grande preocupação mundial e muitas pesquisas têm sido realizadas para compreender melhor o fenômeno e quais medidas devem ser tomadas para o seu enfrentamento. No entanto, os profissionais de saúde nem sempre têm acesso a essas pesquisas”, aponta Thaiane.
A pesquisadora explica ainda que cartilha busca apresentar o que tem sido debatido cientificamente sobre o assunto e a apresenta de uma forma sintetizada para estes profissionais, com orientações claras sobre como devem agir diante de uma desinformação científica. “Ela serve como material de apoio para auxiliar aqueles que são fundamentais para a saúde pública e estão na linha de frente do combate à desinformação científica em seu dia-a-dia”, finaliza.
Pâmela Pinto (ICICT/Fiocruz) reitera a importância da conversa com o cidadãos sobre o tema: “Partimos dos conceitos de direito à saúde e a comunicação para estruturar a cartilha. Ela apresenta a necessidade dos profissionais dialogarem com os cidadãos de forma horizontal, esclarecendo dúvidas, respeitando suas crenças e sugerindo argumentos baseados em pesquisas científicas para reduzir a vulnerabilidade das pessoas frente aos conteúdos desinformativos – que chegam por vários caminhos ao longo do nosso dia”, pontua.
O lançamento da cartilha foi realizada no evento “Vacinas e Esfera Pública”, que aconteceu nesta segunda-feira, dia 25 de março, no campus Manguinhos da Fiocruz, no Rio de Janeiro. Com debatedores como a jornalista Ana Lúcia Azevedo (O Globo), o professor Túlio Batista Franco (UFF) e a secretária municipal de Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, Tatiana Roque, o evento apresentou também resultados de pesquisas da área.
O evento teve transmissão pelo canal da COC/Fiocruz no YouTube. Você pode conferir aqui.
Texto: Pâmela Pinto (ICICT/Fiocruz).
Imagem: Guia “Desinformação sobre saúde: vamos enfrentar esse problema?”/Reprodução.