O relatório final da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, aprovado nesta quarta-feira, pediu o indiciamento de 61 pessoas. Além disso, aborda a responsabilidade das redes sociais pelos atos golpistas que resultaram na invasão e depredação de prédios públicos no início de 2023.
Nesse sentido, o texto apresenta dados da tese do pesquisador Marcelo Alves dos Santos Júnior, do INCT-DSI, sobre a importância de páginas e redes de apoio não oficiais ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
O trabalho tem como título “Desarranjo da visibilidade, desordem informacional e polarização no Brasil entre 2013 e 2018”, e foi defendido no PPGCOM/UFF em 2019, sob a orientação do também pesquisador do Instituto Afonso de Albuquerque.
Confira trecho do relatório:
Um estudo do professor Marcelo Alves dos Santos Júnior, da PUC-Rio, sobre redes não oficiais de apoio a Bolsonaro demonstra a importância de páginas como “Bolsonaro Opressor de Tércio Arnaud”, pois “mais do que ampliar o alcance das mensagens de Bolsonaro, são espaços anônimos que afastam esses personagens da comunicação institucional, o que leva a discursos mais radicalizados e hostis”
Com efeito, em uma análise 2.930 postagens, compartilhadas 5.979.528 vezes, o pesquisador encontra, além de desinformação, discurso de ódio e apelos à violência física e eliminação dos oponentes: “em uma fotomontagem com a inscrição ‘Caso Bolsonaro seja presidente…’ a deputada Maria do Rosário caída como se tivesse levado um tiro e os deputados Jean Wyllys (Psol-RJ) e Benedita da Silva (PT), além dos ex-presidentes Lula e Dilma estão amarrados por camisas de força”.
Outro exemplo mapeado por Marcelo Alves é o canal Bolsonaro Zuero 3.0, desativado pelo Facebook. A página era focada num suposto humor ácido que, em verdade, se revestia em discurso de ódio contra adversários e minorias. Havia “memes a eliminação de petistas e psolistas com montagens do rosto de Lula ou Jean Wyllys em fotos de enforcamento de terroristas”.
Acesse a tese do pesquisador Marcelo neste link.
Imagem: O presidente da CPMI, deputado Arthur Maia, e a relatora, senadora Eliziane Gama. Fonte: Agência Câmara de Notícias.